Determinantes do empreendedorismo académico na área das ciências da vida em Portugal
A comercialização da investigação feita pelas universidades e institutos de investigação públicos e privados é vista como elemento chave do empreendedorismo, justificando a busca por uma melhor compreensão do processo empreendedor dentro daquelas instituições. Apesar dos esforços desenvolvidos nas últimas décadas, persiste um grande desconhecimento a respeito de quem são os investigadores (docentes e não-docentes) com maior vocação para a investigação e comercialização do conhecimento. Focando um contexto relativamente inexplorado – a área das ciências da vida em Portugal continental – este estudo pretende acrescer evidência empírica sobre os antecedentes para o empreendedorismo académico. Os resultados baseados em 247 respostas de investigadores da área das ciências da vida evidenciaram que as diferentes dimensões do empreendedorismo consideradas (produção de patentes, realização de trabalhos de consultoria, formação de empresas start up e ‘Índice de actividade empreendedora’ global) têm uma expressão muito reduzida entre os inquiridos. Da análise descritiva e econométrica do ‘Índice de actividade empreendedora’, foi possível concluir que: 1) o empreendedorismo académico é um fenómeno ao alcance de todos, mas abraçado por muito poucos; e 2) o empreendedorismo académico alimenta-se das trocas de conhecimentos e de recursos entre as universidades e institutos de investigação e a sua envolvente sócio-económica. Assim, de forma a aumentar o empreendedorismo académico em Portugal é importante que sejam reforçados os mecanismos facilitadores das interacções entre universidades e tecido empresarial, promovendo o desenvolvimento de clusters empresariais com integração do mundo académico, que permitam transformar conhecimento em produtos e serviços do mercado.