Reversibilidade de decisões em ciclo de vida: a Educação de Segunda Oportunidade

As teorias do investimento em capital humano, enquanto ramo da abordagem neo- clássica da Economia do Trabalho, ultrapassam em muito a modelização das decisões individuais. No entanto, constitui este um dos domínios onde mais proficua se tem manifestado a endogeneizaçio das críticas de que têm vindo a ser objecto, constituindo-se hoje em dia em referencial analítico para muitos comportamentos cuja interpretação se torna decisiva, como sucede na interface da Economia do Trabalho com a Economia e a Sociologia da Educação. Neste paper reflectimos sobre a chamada educação de 2' oportunidade enquanto estratégia individual de valorização da empregabilidade, não deixando no entanto de abordar as questões de igualdade de acesso à educação, de multiplicidade de opções face aos percursos educativos existentes e, muito especialmente, da influência do efeito tempo, ao determinar a evolução dos mercados de trabalho em conformidade ou contrariamente às expectativas individuais; ou, de forma equivalente, a constatação ex-post do acerto ou incorrecção de tais expectativas e sua eventual revisão, num contexto de informação imperfeita. Mostra-se como a teoria do investimento em capital humano se revela particularmente adequada à análise interpretativa da procura de sobre-educação em ciclo de vida, quando o quadro de referência considera o conjunto de questões de que anteriormente se deu conta.