Os estudos empíricos sobre a utilidade das visitas oficiais (VOs) enquanto promotor da internacionalização das empresas são escassos, assumindo-se frequentemente do ponto de vista político que tais visitas têm impactos tão positivos quanto imensuráveis. Centrando-nos num caso relativamente inexplorado (Portugal), onde as VOs tem tido uma crescente visibilidade junto de empresas e público em geral, o presente estudo procurou, através da aplicação de um modelo econométrico, avaliar a importância relativa das características estruturais das empresas versus características das VOs, no modo como os participantes das visitas oficiais percepcionam a utilidade dessas mesmas visitas para a promoção das suas empresas e negócios nos mercados visitados. Com base em 136 participações em 12 visitas oficiais que decorreram entre 2005 a 2007, os resultados sugerem que a dimensão das empresas, o capital estrangeiro, a intensidade exportadora, a intensidade de inovação e a experiência no mercado visitado são variáveis estatisticamente relevantes na avaliação dos resultados e objectivos das VOs. A atitude pró-activa das empresas surge aqui particularmente relevada - por um lado, estabelecer contactos no âmbito das VOs pressupõe por parte das empresas algumas capacidades/competências prévias, nomeadamente ao nível da inovação; por outro lado, a prepação para a entrada num mercado está directa e positivamente relacionada com o facto da empresa exportar para esse mercado, ou seja, empresas mais experientes reconhecem retirar maiores proveitos das VOs enquanto mecanismos de preparação para entrada, bem sucedida, nos mercados. Desta forma, ressaltamos que não basta investir na simples organização das VOs; para que estas tenham a eficácia desejada é necessário que, no curto prazo, se seleccionem as empresas com maiores competências e, no longo prazo, que os programas de organização de missões sejam acompanhados de programas mais estruturantes de criação e/ou melhoria de competências, designadamente em termos de inovação, das empresas.